vamos ver o sol...
Em um mundo colorido de guitarras distorcidas nasceu Mono Maçã, primeiro disco cheio de Lê Almeida. As gravações começaram no final de 2009 e foram feitas com calma e tranquilidade, intercaladas com shows e produções — Vol.1, da Babe Florida, e Everything Must Go, da Top Surprise, são dois dos discos produzidos recentemente pelo músico em parceria com Paulo Casaes. Lê, que em 2009 entrou em algumas listas de melhores do ano com o elogiado EP REVI, percorreu em 2010 boa parte do Brasil, se apresentando em Belo Horizonte, Brasília, Maceió, São Paulo, Cruzeiro, Belém e sua terra, o Rio de Janeiro. Mono Maçã se mantém firme na trilha lo-fi de REVI, mas desta vez com maior diversidade de timbres e acentos psicodélicos — além de experiências com as baterias, todas registradas no quintal, utilizando um porta-estúdio de 4 canais em fita K7. As influências do álbum vão desde Neil Young até o indie anos 90 de Eric's Trip, Pavement, Built to Spill e Guided By Voices. Todos os instrumentos continuam sob responsabilidade de Lê, enquanto as letras trazem novos temas — como ufologia, morte e álcool —, que somam-se às já típicas histórias de amigos, paixões e bicicletas.
Apenas no decorrer das gravações, com o grande fluxo de idéias que surgiam, Lê descobriu que Mono Maçã seria um disco cheio. Lançada em novembro de 2010 na Inglaterra pela respeitada Weepop Records, a primeira versão do álbum trazia 12 faixas. A versão definitiva, para o Brasil e restante do mundo, traz 23 — escolhidas entre inúmeras outras que acabaram por não entrar na lista. Há uma variedade maior que a de qualquer lançamento anterior de Lê, com músicas curtíssimas, canções pop clássicas, viagens acústicas e experimentos sonoros. O encerramento é um surpreendente épico de guitarra de seis minutos. Mono Maçã viaja por paisagens inéditas para Lê Almeida. Momentos alegres ou tensos, profundos ou dispersos, diretos ou enigmáticos — mas sempre inquietos, no espírito desbravador que fez com que, seis anos atrás, Lê fundasse em seu quarto na Baixada Fluminense a Transfusão Noise Records. Mais de 40 lançamentos depois, o selo continua crescendo e se transformando, agregando mais amigos e pessoas que, como Lê, não gostam de esperar — acreditam nas guitarras distorcidas, nas gravações caseiras e em um caminho menos óbvio e mais sincero para a música. Mono Maçã é uma ode a essa inquietação.
Por André Medeiros
(link na capa)
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